Bom dia! Nessa edição trouxe algumas reflexões sobre como um VC pensa no momento de tomada de decisão, ao realizar ou não um investimento, seguir ou não com a análise de um deal. Após analisar diversas startups é possível perceber que somente um ponto não traz uma decisão, mas sim um conjunto de informaçoes.
Venture Capital é semelhante a um quebra-cabeça
Conversando sobre a indústria de Venture Capital com amigos do mercado sempre caímos no ponto do “depende”, “não adianta só isso” e percebemos que a questão nunca é possuir um único ponto e pronto, está tudo certo, seu business é VC backable, sua startup conseguirá funding e os investidores terão o seu retorno.
Existem algumas peças necessárias e sem algumas delas, é difícil conseguir investimento em VC.
Não adianta ter um time muito bom com experiência em diversos setores e áreas distintas, se não estão atacando um mercado grande o bastante.
Não adianta possuir um problema com um grande mercado, porém não possuir um plano traçado, uma tese que sustente uma jornada de investimentos.
Dependendo do estágio de investimento, não adianta possuir um grande problema, porém não mostrar validações de product market fit.
Para diferentes estágios de investimento, são necessárias diferentes peças deste quebra-cabeça e, sem algumas, é difícil seguir em frente. Existem diversas peças, e cada uma é formada por várias outras, mas visualizando um cenário macro, temos:
Time: existem diversas maneiras de formar uma equipe, como solo founder, founders complementares, second time founders, entre outros. Existem diferentes opiniões de investidores sobre essas maneiras, alguns não têm problema com solo founder, enquanto outros têm problemas familiares na posição de co-founders. No entanto, alguns aspectos macro se destacam como unânimes, como a importância da capacidade de coachability da equipe, o conhecimento e a vontade de fazer acontecer.
Mercado: um mercado grande é necessário para ter sucesso na captação, pois o retorno de um VC vem a partir do crescimento do valor da startup, buscando um valor x vezes mais alto ao se comparar com o momento de entrada. Lembrando também que em todo fundo espera-se que 10% traga o retorno do fundo, 30% tenha um retorno ok e 60% será writeoff, portanto as saídas realizadas precisam superar e balancear essas perdas.
Valuation: um valuation de saída alto é importante para o VC, mas de nada adianta se o valuation de entrada tiver sido tão alto quanto. Portanto, é preciso ter muita estratégia para entender o potencial de crescimento e possibilidade de saída da startup no momento do investimento, considerando o valuation da rodada de investimento em questão. Não há problema em realizar um early-exit, desde que a entrada na startup tenha sido realizada com um valuation mais baixo e obtendo um alto múltiplo sobre o capital investido.
Métricas: métricas e financials são o resultado de ações, decisões e estratégias formadas. Para cada estágio de investimento é analisada a foto (momento atual do negócio) e o filme (como chegou até esse momento e o que é esperado para o futuro), isto se torna palpável com a visualização de métricas. Nesta peça, espera-se entender e verificar se há um product market fit e crescimento de forma saudável, novos clientes aparecendo, permanecem utilizando o produto e observam uma geração de valor muito alta para si. Aqui é importante entender que o nível de validação e métricas desejadas a cada estágio são diferentes, pois estas vão em linha com a maturidade da startup, do produto, de capital levantado, entre outros pontos.
Portanto, é possível perceber como cada peça do quebra-cabeça não vive por si só, e não é possível tomar uma decisão somente olhando uma e ignorando as outras. Além disso, é importante observar que nem todos os VCs darão a mesma importância para todas as peças, e alguns olham primeiro certas peças, sendo estas que normalmente são base de sua tese de investimentos. Além disso, não é esperado que todas as peças e estratégias de encaixe do quebra-cabeça estejam todas corretas desde o dia 0, pivotagem, feita da melhor forma, é uma junção de evolução em conjunto com validações.
Uma forma de trabalhar e formar esse quebra-cabeça é focar em sua tese, isto é, como cada pedaço se junta e forma algo maior.
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Network Effects and more
Efeitos de rede sempre me intrigaram, os considero poderes únicos que podem diferenciar totalmente um business em seu mercado, criando um ciclo de crescimento e defensibilidade impressionante, pelo seu fator de crescimento de valor conforme o crescimento de número de usuários.
Recentemente comecei a ler bastante sobre o tema e quero deixar aqui dos conteúdos que ando lendo:
NFX Masterclass - sequência de vídeos explorando o mundo de network effects
The Network Effects Manual: 16 Different Network Effects - descrição dos diferentes tipos de efeitos de rede possíveis (NFX)
The Cold Start Problem - Andrew Chen
Também escrevi uma edição sobre a relação entre ferramenta e comunidade:
Recomendações
⬛ When Can We Expect Venture Performance to Bounce Back? - AngelList
⬛ AI Leapfrogging: How AI Will Transform “Lagging” Industries - NFX
⬛ For B2B Generative AI Apps, is Less More - a16z
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muito bom o conteudo!